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O que são variáveis ​​independentes e dependentes?

Marcos Lima

mar 12, 2022

Pesquisadores estão interessados em atributos que variam, e não em constantes. Em outras palavras, eles estão interessados em variáveis. Neste post, diferenciaremos variáveis independentes e dependentes. Além disso, também discorreremos sobre variáveis preditoras e de resultado.

Qual é a diferença entre constantes e variáveis?

Antes de mais nada, para entendermos o que são variáveis independentes e dependentes, precisamos diferenciar os conceitos de constantes e variáveis.

Uma constante, por definição, é um valor fixo, que não varia entre observações. Por exemplo, em uma pesquisa envolvendo seres humanos, a pergunta “você está vivo?” levaria a uma resposta constante (isto é, “sim”), salvo casos em que houve erro de resposta, quer ele intencional ou não. Desse modo, uma pergunta em que todos os participantes darão a mesma resposta é pouco informativo e relevante nas pesquisas científicas.

Por outro lado, variáveis são os verdadeiros atributos de interesse em uma pesquisa. Em outras palavras, as variáveis consistem em atributos cujos valores variam entre unidades de análise (que podem ser participantes, casais, organizações, etc.). Por exemplo, idade, nível de colesterol LDL e escore obtido em um teste de depressão são algumas variáveis que podem interessar pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento.

As duas principais variáveis descritas em estudos experimentais são as variáveis independentes e as variáveis dependentes. Em seguida, descrevemos cada uma dessas variáveis mais detalhadamente.

As variáveis quantitativas e qualitativas e os testes estatísticos

O que é variável independente?

A variável independente é aquela que é manipulada pelo experimentador. Manipular uma variável consiste em fazer com que seus níveis variem sistematicamente entre participantes ou entre ocasiões. Por exemplo, um pesquisador administra 10 mg de um fármaco em um grupo de participantes, 20 mg desse mesmo fármaco a outro grupo e um placebo a um terceiro grupo. Um placebo aqui pode corresponder a um comprimido com as mesmas características do fármaco, mas sem conter o princípio ativo do fármaco.

Nesse exemplo, podemos denominar a variável independente de dose. Ela contém três níveis: dose baixa (10 mg), dose alta (20 mg) e dose placebo (0 mg). Desse modo, cada participante é exposto a apenas um dos níveis da variável independente. Primordialmente, uma variável independente tem sempre pelo menos dois níveis distintos. Lembre-se: um atributo com apenas um nível é, por definição, uma constante.

Resumindo, uma variável independente recebe esse nome porque ela independe do que os participantes fazem. Em outras palavras, o experimentador controla a variável independente e quais são seus níveis. Em experimentos, buscamos investigar se a variável independente causa a variabilidade na variável dependente, tópico sobre o qual nos dedicamos a seguir.

O que é variável dependente?

Pesquisadores manipulam variáveis independentes para investigar se elas produzem efeitos relevantes sobre variáveis dependentes. Por exemplo, ao manipular a dose de um fármaco, um experimentador pode estar interessado em avaliar os efeitos da dose sobre o desempenho dos participantes em uma tarefa psicomotora. Assim sendo, podemos assumir que os escores dos participantes na tarefa psicomotora correspondem à variável dependente do estudo.

Assim sendo, a variável dependente é aquela que é mensurada pelo experimentador. Ela recebe esse nome porque os valores gerados por cada participante dependem de suas respostas, preferências e habilidades. Por exemplo, o pesquisador pode definir que o desempenho será mensurado em termos de percentual de acertos, variando de 0 a 100%. No entanto, o pesquisador não controla qual o percentual de acertos cada participante terá.

Qual é a diferença entre variáveis independentes e dependentes?

A seguir, a Figura 1 resume as principais características das variáveis independentes e dependentes.

variáveis independentes e dependentes
Figura 1. Resumo dos conceitos de variável independente e variável dependente.

Em síntese, no método experimental, o pesquisador manipula a variável independente e mede variável dependente. Desse modo, ele busca identificar se a variável independente causa as diferenças nos escores da variável dependente. Nesse enquadramento, a variável independente é a potencial causa, enquanto a variável dependente é o potencial efeito.

Pesquisadores usam uma série de estratégias para garantir que consigam fazer uma inferência de uma relação de causa e efeito. Essas estratégias incluem a designação aleatória dos participantes às condições experimentais, o “cegamento” dos administradores dos fármacos sobre a condição a qual cada participante foi alocado e o controle de potenciais variáveis de confusão.

O que são variáveis preditora e de resultado?

Os termos “independente” e “dependente” estão intimamente ligados a métodos experimentais. Nesses métodos, o experimentador manipula a potencial causa e mensura o potencial efeito. Em outras palavras, em um experimento, o pesquisador avalia se a variável independente exerce efeito sobre os valores da variável dependente.

No entanto, limitações práticas ou éticas podem impedir que pesquisadores manipulem certas variáveis. Por exemplo, não é possível manipular o sexo biológico ou o número de irmãos dos participantes. Além disso, seria antiético expor um grupo de adultos ao consumo de nicotina para avaliar se fumar causa câncer de pulmão, ou privar bebês de estímulos sensoriais no primeiro ano de vida para avaliar os efeitos dessa privação sensorial sobre o desenvolvimento perceptual subsequente.

Quando pesquisadores chamam “sexo” de variável independente, tenha em mente que essa é uma força de expressão, pois é impossível que pesquisadores manipulem a variável sexo. Desse modo, em situações em que não há manipulação experimental, o mais adequado é usar os termos variável preditora (no lugar de variável independente) e variável de resultado (no lugar de variável dependente).

Isso não é um capricho pessoal: em experimentos, a causa (variável independente) também é um preditor, e o efeito (variável dependente) é um resultado. Em estudos correlacionais, podemos falar de uma ou mais variáveis predizendo, em sentido estatístico, uma ou mais variáveis de resultado. No entanto, estudos correlacionais encontram maior dificuldade em afirmar que a variável preditora causa a variável de resultado.

O que você precisa saber sobre variáveis preditoras e de resultado?

Para finalizar, é importante fazer algumas ressalvas. Primeira, em estudos experimentais, a relação temporal entre variáveis é explicita: a manipulação da variável independente antecede a mensuração da variável dependente.

Em estudos correlacionais, essa ordem pode ocorrer: (a) com base no método: quando as variáveis preditoras são mensuradas antes da mensuração das variáveis de resultado; (b) com base na teoria: quando a teoria explicita quais variáveis desempenham o papel de variáveis preditoras e quais desempenham o papel de variáveis de resultados. Note que, como não há manipulação de variáveis em estudos correlacionais, tanto variáveis preditoras como de resultados são mensuradas.

Segunda, diferentes áreas de conhecimento (por exemplo, psicologia, estatística, machine learning) usam nomenclaturas distintas para se referir a conceitos semelhantes, o que pode trazer certa confusão.

A seguir, a Figura 2 resume os conceitos de variável preditora e de variável de resultado, incluindo alguns sinônimos para esses conceitos, tal como usado em diferentes áreas.

variáveis preditoras e de resultado
Figura 2. Resumo dos conceitos de variável preditora e variável de resultado.

Conclusão

Neste post, você aprendeu sobre quatro tipos de variáveis: independente, dependente, preditora e de resultados. Esperamos que ele tenha sido útil! Para seguir acompanhando nosso conteúdo, recomendamos que se inscreva em nosso canal do YouTube.

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Referências

Field, A. (2017). Discovering statistics using IBM SPSS Statistics (5th ed.). Sage.

Shaughnessy, J. J., Zechmeister, E. B., & Zechmeister, J. S. (2012). The scientific method. In J. J. Shaughnessy, E. B. Zechmeister, & J. S. Zechmeister, Research methods in psychology (9th ed., pp. 27–56). McGraw-Hill.

Como citar este post

Lima, M. (2022, 12 de março). O que são variáveis independentes e dependentes? Blog Psicometria Online. https://www.blog.psicometriaonline.com.br/o-que-sao-variaveis-independentes-e-dependentes/


Bruno Figueiredo Damásio

Sou Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia. Venho me dedicando à Psicometria desde 2007.

Fui professor e chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ durante os anos de 2013 a 2020. Fui editor-chefe da revista Trends in Psychology, da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) e Editor-Associado da Spanish Journal of Psychology, na sub-seção Psicometria e Métodos Quantitativos.

Tenho mais de 50 artigos publicados e mais de 5000 citações, nas melhores revistas nacionais e internacionais.

Em 2020, saí da UFRJ para montar a minha formação, a Psicometria Online Academy.

Meu foco é que você se torne um(a) pesquisador(a) de excelência. Clique aqui para conhecer a Academy.

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Respostas de 3

  1. Adorei muito do conteúdo sobre as variáveis. Amprendi muito e rápido sobre as variáveis. Gostaria de aprender ainda mais sobre análise de dados e métodos de pesquisas e elaboração de trabalhos académicos!

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